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domingo, 2 de junho de 2013

O santo do tal horto!

A defesa de São Victor/ Foto : Anna Ftg
Um dos acontecimentos mais emocionantes do futebol mundial desta década aconteceu quinta-feira no estádio Independência. A festa estava preparada. Não por arrogância, por falta de respeito, por excesso de confiança, mas, por questões de crença no fato. A torcida do Atlético cantava e aguardava o apito inicial. Contudo, não sabia que, talvez, seriam os 90 minutos de partida mais dramáticos do século XXI.

O cão do México veio confiante para jogar por entre as montanhas de Minas Gerais. Logo nos primeiros segundos de jogo, los mexicanos apresentaram ao “santo” da noite seu cartão de visitas. Após um empate dramático no tempo normal veio o temido acréscimo. Que o acréscimo fosse de milho, de catupiry, de queijo...até de jiló mas, o acréscimo foi de adrenalina no coração. Um acréscimo que soprava como um vento forte para apagar um sonho. Partida caminhava para o final, 1 x 1 classificava o Atlético. 

De repente um pênalti aos 47 minutos do segundo tempo. Parecia coisa de cinema. Naquele momento uma matilha de cães ofuscava o canto do galo. Riascos, o artilheiro do Tijuana pediu para bater. Caminhou para a bola confiante, determinado e frio. Mas ele não sabia que estava prestes a canonizar um santo.

Silêncio no horto. Olhares emudecidos. O chute. Deu para escutar por milésimos de segundos o barulho da bola. Depois uma explosão de alegria. Como que num verdadeiro milagre, o goleiro do Atlético, Victor, defendeu com o pé esquerdo o pênalti que eliminaria o Galo.
   
Ali, naquele momento, São Victor foi canonizado. Um milagre. Fruto da competência e do trabalho. O apito final assinou sua santidade!
A narração de Osvaldo Reis (Pequitito) na rádio CBN explicitou a emoção e o êxtase da torcida atleticana. De todos que estavam ali trabalhando ou torcendo. O Galo estava curado da dor. São Victor foi enviado para exorcizar de vez a máscara do pânico. Enquanto eu descia para a coletiva do técnico Cuca observava o ar de graça que se espalhara pelo estádio. Nos corredores do Independência me encontrei com o humorista e apresentador Tom Cavalcanti. Estava atônito. Confessou-me que era o cearense mais atleticano do Brasil. Narrou como João Canabrava a defesa do Victor (vídeo disponível em www.resenhadogalo.com.br).

É verdade que algumas peças precisam chegar para dar continuidade à árdua caminhada que o Galo tem pela frente. Um lateral direito, por exemplo. No jogo contra o Tijuana e no empate deste domingo contra o São Paulo, Leandro Donizete foi improvisado como lateral. Time está exausto, são quase trinta jogos até agora. Viagens e partidas difíceis. Diretoria trabalha em silêncio e pode anunciar reforços em breve.

O Atlético segue firme na Libertadores e no dia 03 de julho pisará novamente em terras argentinas. Desta vez para enfrentar o Newell's Old Boys pela semi-finais em Rosário. Uma cidade que tem esse nome em homenagem à Virgem do Rosário. Um local já místico. E, para lá, irá como numa peregrinação, vestindo um manto em preto e branco, o santo do tal horto!

Até a próxima! Com a “benção” de São Victor!