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domingo, 1 de setembro de 2013

Estádios carentes!

Eu acreditava que o campeão da Libertadores da América e o atual líder do Brasileiro avançariam para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Não por torcida ou clubismo. Mas pelas características e qualidades de ambas as equipes.

Não foi o que ocorreu. São coisas do futebol...Atlético e Cruzeiro poderiam fazer um duelo histórico pela competição. Mas, o Galo esbarrou mais uma vez no Botafogo. O Cruzeiro amargou uma eliminação para o Flamengo daquelas cruéis para o torcedor: nos minutos finais do jogo. Contudo, abrirei mão de analisar ambos os times nesta edição para falar de outro assunto.

Caro amigo e amiga, confesso que, no outro dia, na manhã pós-eliminação das equipes, algo despertou minha atenção. Era quinta-feira e, nos meus afazeres, eu observava o movimento nas ruas de Belo Horizonte. Notei então que muitos atleticanos e cruzeirenses saíram com as camisas de seus clubes. Notei a expressão de orgulho e paixão do torcedor de ambos os times mesmo sofrendo ainda com o clima da eliminação. E então comecei fitar neste personagem: o torcedor.

Veja este dado: até a 16ª rodada do Brasileirão 2013 série A, a ocupação da torcida nos estádios chegou à apenas 38% num geral (Fonte: globoesporte.com). Aqui em Minas, o Atlético tem média de ocupação de 47% e Cruzeiro de 52%. A ausência do torcedor e da festa tem chamado atenção de muitos. Na TV, por questões de ângulos e posicionamento de câmera para transmissão, percebe-se muitos espaços vazios. Principalmente nos estádios maiores, como o Mineirão. 
A verdade é que chegou a hora dos articuladores do futebol fomentarem que o torcedor é seu maior cliente. Tudo virou negócio? Então, que se trate o torcedor como cliente, mas com excelência. O que seria de Atlético e Cruzeiro sem sua torcida? O que seria do futebol sem as bandeiras, os foguetes, os cantos, as lágrimas e os sorrisos?

É preciso tirar o torcedor da poltrona (como diria Renato Aragão, o “Zé Poltrona”) e valorizar e viabilizar sua presença no espetáculo. Trazer o público de volta para o espetáculo! Mas ele tem que se sentir convidado e muito bem servido nesta festa. Não é o que está ocorrendo...
Preço alto dos ingressos, alimentação ruim e custo alto, mobilidade ruim, falta de segurança, falta de infra-estrutura são alguns dos fatores que tem tirado a vontade do torcedor de ir ao estádio.

Outra situação é que, aquele personagem apaixonado, que lotava qualquer jogo, não está acostumado a ver apenas uma única partida. Não. Ele quer ir a vários. Quer ver de perto a campanha do seu time. Mas hoje está complicado bancar financeiramente essa proeza. Ou será que estão conduzindo o futebol para uma massa elitizada pronta para assumir essa função? Não acredito. O futebol é um espaço onde todas as classes se unem e se confraternizam. Um verdadeiro exercício de convivência e até mesmo de cidadania. Mas podem estar perdendo essa ferramenta por descuido e soberba.

Pensemos ainda essa comparação: aos poucos os campinhos de várzeas estão desaparecendo, as “peladas” agora só em tapetes sintéticos e pagos. Raramente se vê uma peladinha em ruas, em campinhos de terra, gramados, hoje na maioria das vezes apenas em locais fechados e alugados onde se tenta ainda jogar futebol. Antes, por exemplo, nas quadras internas do Conjunto IAPI, num sábado ou domingo se você acordasse 9h da manhã teria de esperar para jogar! Isso porque a cobiçada e querida “peladinha” já estava a todo vapor! Ao chegar à quadra você ficava na famosa “de fora” até chegar a vez de seu time jogar. Bons tempos...

Hoje não é mais assim. Talvez por isso tantos profissionais maltratando a bola...

Tal situação está chegando agora na ida ao estádio. Os preços do tal “padrão FIFA” imperam, mas, esqueceram um pouco do padrão “qualidade no atendimento ao cliente”! Está hora de investir mais no projeto sócio-torcedor, nas parcerias e de chamar o público de volta para os estádios.

Perdemos o charme dos barraqueiros que ficavam do lado de fora do Mineirão, da resenha nos banquinhos das barracas. Hoje sequer encontramos um prato tradicionalmente mineiro, o feijão tropeiro, tão cheiroso e saboroso como aquele de um passado recente.


Contudo, creio que ainda há tempo para rever tudo. Para devolver esse apaixonante e centenário jogo com bola ao seu verdadeiro amante: o torcedor e a torcedora! Caso isso não aconteça, corremos o risco do futebol num futuro breve perder sua magia e encanto e ser apenas mais um enlatado distribuído como produto de primeira.