Páginas

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Minha rendição

Domingo abandonei o debate da Record no meio. Era o sono. Mas realmente me assustou. Não o que falaram ou suas posições. Mas a forma como caminha a estrutura da sociedade.
Assuntos atomizados e jogados à revelia para um e para outro. É como se o cérebro do eleitor fosse uma redinha de pingue e pongue a expiar a rapidez da bola de um lado para o outro. Sou isso, farei aquilo, você é isso, você fará aquilo. Realmente o tempo não para, tanto que quando éramos sóbrios escrevíamos "para" verbo com acento! Sim, para diferenciar do "para" preposição. Hoje é tudo igual. Como tudo no mundo querem colocar igual. No mesmo patamar.
Vivemos num calor insuportável criado por nós mesmos.Um calor temperamental e de ideias (também sem acento!). Seria já o inferno emergindo na linda terra azul? Talvez.
Estão mudando tudo. Simplificando tudo. Tudo então está no mesmo patamar. Pegamos pessoas para condená-las e cuspimos no nosso próprio prato. Estamos por demasia perdidos entre a fé e a razão, entre ser imbecil e ser nosso coração.
Assim caminhamos do mesmo jeito para comer, votar, dormir, trabalhar, estudar, passear, chegar em casa, ir se divertir. Onde isso tudo vai dar? Não há resposta. Nossos filhos, nossos amigos, nossas famílias, recebem a miséria do nosso tempo. O que sobra. O resto e junto, o cansaço. E vamos à tv para expor comportamentos e projetos, para fazer valer nosso ser midiático e sobrepor nosso controle à vontade do bem estar comum. Aí o eufemismo de meu texto tem de aparecer: no meio desse liquidificador que bate e nos oferece uma vitamina de frutos podres e estragados nos resta ainda uma pontinha de esperança.
E, a única certeza que eu tenho é que perdemos a fé...e paralela à ela estamos perdendo nossa razão de ser...de existir. Em breve chamar um ser do bem de "humano" poderá ser uma terrível ofensa.
Num mundo onde o Sagrado é balela, por vezes comércio e, Deus, uma viagem de alienação, eu me rendo à cada dia ao Homem que venceu a cruz.

sábado, 13 de setembro de 2014

A safra é fraca

*texto publicado no Jornal Gazeta da Lagoinha

Esse papo de safra fraca no futebol brasileiro já virou retórica. Por um lado é correto afirma que não temos grandes craques por aqui. Não se encontra por aí grandes talentos com a bola nos pés como há algum tempo atrás. Mas, por outro lado, há jogadores que, se bem organizados em campo, podem ajudar seus clubes a se reencontrarem. Um bom exemplo é o Cruzeiro. Um time sem uma grande estrela e sem um grande craque. Mas é um time com bons jogadores, bem treinado e que evolui dentro de campo. Um time que o treinador consegue alterar o perfil de sua armação e focar no objetivo da vitória. E o melhor: um time que marca gol.

Como já disse aqui em edições anteriores, hoje o papel do técnico de futebol gira em torno de uma responsabilidade ainda maior. O técnico é quem define o esquema de jogo ou o altera durante o jogo. Sim, porque escalar jogador de acordo com sua função e substituí-lo por outro igual é fazer apenas o básico. Geralmente é isso que se vê nos comandos técnicos por aqui. Talvez antes, os gênios e fenômenos supriam a necessidade de um excelente comandante. Mas eles voltaram para suas lâmpadas. Estão escondidos neste país de tamanho continental chamado Brasil. E o pior: não apareceu ainda ninguém competente para achá-los... ou lapidá-los.

Com raras exceções, o futebol brasileiro se limita às carências de profissionais atualizados. Por detrás disso existe ainda um esquema de futebol retrógado que parou no tempo. Isso tem um preço. Um bom exemplo é a CBF e a insistência de Dunga na seleção.

A seleção brasileira é o espelho do futebol brasileiro. Desorganizada, perdida em campo, dependente de lampejos individuais e pressionada pelo glorioso passado histórico.
É fato afirmar que, Marcelo Oliveira no Cruzeiro apresenta, sem ter o direito à uma seleção de craques, um futebol infinitamente superior ao proposto por Dunga no comando de seus selecionáveis. Duas vitórias com dois gols de bolas paradas. Beira ao ridículo. E se antes se parava tudo para assistir um jogo do Brasil, hoje é um sacrifício ficar acordado para ver o que estão arrumando pós 7 x 1.

Dorival Jr. no último programa “Bem,amigos” ressaltou o óbvio e o que eu já falei várias vezes aqui: os técnicos brasileiros não evoluíram e sofrem frente à escassez de jogadores que possam resolver a partida sozinhos em campo.
Levir Culpi, por exemplo, herdou do Atlético um time campeão da Libertadores 2013 e hoje se limita a ter 50% de aproveitamento no campeonato brasileiro. O Galo de Levir, embora mantenha um suposto esquema próximo daquele de Cuca, está longe do futebol vibrante e competitivo de antes. Falta algo. Falta muito em campo. Nota-se a ausência de um esquema e capacidade de alteração de jogo durante as partidas. Falta inclusive o básico para vencer: fazer os gols!

Para terminar, destaco que, no Campeonato Mineiro 2014, pouca coisa se destacou, mas, tivemos algo novo: Moacir Júnior e seu auxiliar Altair Coimbra. Ambos faziam um trabalho muito bom no Tombense. O time de Tombos estava no caminho para almejar uma classificação para fase final até que o Coelho os levou para sua toca. Resultado: mesmo com um time limitado (assim como era o da Tombense) e com uma campanha até então ruim, o técnico armou, treinou e classificou o América para fase final do Mineiro. Hoje o América luta forte para terminar a série B no G4 e figurar entre a elite em 2015.

Safra...safra...safra...paremos com esse discurso. Lembremos aos técnicos que, um bom profissional tem de trabalhar e render com o que seu contratante lhe ofereceu. Lembremos que ele aceitou trabalhar sabendo o que tinha. Então é hora de arregaçar as mangas e gerar resultado.
E resultado se vem com estudo, perseverança e muito treino!

Lembrando que, para que venham os tempos de boa colheita e, conseqüentemente de boa safra, é preciso semear e cuidar das boas sementes!