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sábado, 14 de março de 2015

PITACOS NAVEGANTES

A febre da Man-infestação

Era julho de 1994, primeiro dia do plano real. Um real era igual a 2.750 cruzeiros. Numa tradicional lanchonete na avenida Afonso Pena em Belo Horizonte, um copo de suco de laranja custava algo em torno de 800 a mil cruzeiros. Isso um dia antes. Um dia depois, já referenciados pelo novo plano, o suco de laranja passou para 1 real ou seja, para 2.750 cruzeiros. Abstenho-me a comentar a troco de que esse plano tentou estabilizar o país.
O plano gerou meu primeiro desemprego. O tempo passou. Vi um senhor barbudo ir à TV como representante dos trabalhadores brasileiros. Pensei: esse cara vai mudar o Brasil. Ele dizia que mudaria a vida de quem trabalha. Do ser supostamente pobre. Ele um dia ganhou, a vida dele mudou, a minha não mudou. Nem no plano real, nem com o governo FHC e nem com o do sr. Barbudo e cia.
O que conquistei foi trabalhando e estudando muito. Suando a camisa e conquistando cabelos brancos. Foi com madrugadas em claro. Foi pagando impostos embutidos e caríssimos até num copo d'água.
Ora, o que é ser pobre no Brasil? O que é ser um trabalhador? O que é ganhar pouco?
Nesse país, como diria a música "os assassinos estão livres, nós não estamos".
Comprar um apartamento e pagar dois é certo? Comprar um carro normal dos normais é pagar dois é certo? Pagar caríssimos em produtos que já estão ultrapassados é certo? Viajar e se endividar o resto do ano à duras penas é certo?
Nosso país virou um liquidificador de ideias abstratas e sem sentido. De teorias à revelia. De leis retrogradas. De gestores incapazes. De ladrões.
O homem está infestado. Uma infestação de ódio, divisão, soberba, mentiras e ignorância. De ator protagonista da vida se tornou um ser atroz. Não é só aqui no Brasil. É geral.
Hoje manifestar virou moda. Mas ninguém manifesta a favor da vida. Da caridade, da solidariedade, da paz. Não vejo um ser sequer levantar uma bandeira de paz. Uma bandeira branca. Não. São as míseras e ordinárias bandeiras partidárias que dominam as mentes brasileiras. Bandeiras que querem sinalizar a chegada e não o caminho. O poder e não a democracia. Democracia?
Não acredito que há um pobre e um rico brigando. Que o PSDB é dos ricos e o PT é dos pobres. Que o PSDB tenda para classe mais afortunada eu até posso digerir. Mas dizer que o PT representa o pobre é pensar que o Lula e a Dilma deveriam então dar o exemplo de sua pobreza e abstenção imperial. Os que se dizem a favor dos pobre vivem regados à uma vida cheia de conforto e ostentação. Fazem o mesmo que o partido dito dos ricos faz. Onde está a diferença?
Nós trabalhadores, de carteira assinada ou não, somos limitados a pagar nosso sobrevivência aqui no Brasil. Não recrimino quem votou na Dilma ou no Aécio. Mas não me venham agora com partidarismo quando nosso país está prestes a se tornar um estado quase que sitiado.
Que nossa manifestação seja sempre em favor da vida. Da família. Do bem comum. Seja a favor de um mundo onde liberdade de comércio e expressão signifique benefício à vida e não morte e exploração. Manifeste e não se infeste de trejeitos e conceitos ultrapassados. Você que vai sair às ruas lembre-se de dar um sorriso para quem encontrar.
Você que vai sair para as ruas para mudar o mundo por este ou aquele lado, pela direita ou pela esquerda, lembre-se de Madre Tereza de Calcutá: "Quer fazer algo para promover a paz mundial? Vá para casa e AME a sua família!"