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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Senhora Ismênia acolheu o bolinho de feijão


Sr. Marcílio, 25 anos vendendo bolinhos
Uma das minhas alegrias em ir ao antigo Estádio Independência, mesmo com todo o desconforto em relação ao Mineirão, era comprar bolinhos de feijão vendidos por um senhor nas arquibancadas.
  
Por essas e outras que digo, o antigo Independência tinha cheiro de história. De povo. De torcida. Fato que, o charmoso bairro Horto acostumou-se a acolher aquele navio de grama construído em seu meio. Não que o novo (Arena Independência) seja diferente. Sofisticou-se. E, algumas coisas ainda não estão tão legais dada à expectativa de sua pujança.

Meu primeiro contato com o novo estádio foi em maio no jogo Atlético x Goiás. Cheguei de mansinho na casa nova. No palco reformado. Ao adquirir o primeiro “pacote de alimento” neste estádio reformado vi que era uma nova era. Dez reais deram para comprar apenas um salgado esquentado no micro-ondas e um refrigerante. Salgado meio chicletes. Confesso: sabia que com o tempo eu seria persuadido a consumir isso como única opção. Que saudade do velho e bom tropeiro!

Vi que alguém havia sumido em meio a toda construção: o senhor que vendia bolinho de feijão. Lembro dele gritando em meio as arquibancadas de concreto e vendia bem. Era um preço bom e produto bem feito. Cheguei a comer o bolinho quente por vezes. Mas ele havia sumido, ao menos até esta quarta-feira...

No jogo Atlético x São Paulo, chegava eu pela rua Ismênia e uma surpresa. Lá estava ele com seu balaio. O mesmo balaio marrom. A mesma oferta. Na volta uma rápida prosa. Seu Marcílio há 25 anos vendia bolinhos nas arquibancadas no meio do povo! Era uma opção caseira de tira-gosto.

Conversando comigo e, ao mesmo tempo atento ao possível consumidor, disse que as coisas andam difíceis. Com o balaio ainda cheio de bolinhos ele disse que já não vende mais como antigamente. Tentou negociar com a BWA pagar uma porcentagem da venda, mas não houve sucesso. 

Hoje não há mais espaço para ele dentro do estádio. Antes havia. Um trabalho de duas décadas vencido pela arbitrariedade do sistema. 


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Atlético derrota São Paulo em noite de festa no Independência

Galo volta a se apresentar bem, se alia à paciência e vence retranca paulista

Flávio Domênico

Era tarde da noite em Belo Horizonte. Faltavam apenas duas horas para o findar do dia e o Atlético entrava em campo. Via-se um time disposto a recompensar o torcedor aguerrido que o acalentou na Arena Independência. A festa estava armada e o grito de gol preparado para ecoar como um hino vibrante e vencedor.
Festa da torcida ilustra noite do Galo

Assistimos um primeiro tempo com o visitante paulista recuado desde o início da partida. Proposta nítida do São Paulo: explorar a velocidade do jovem Lucas. O jogo do adversário então se limitaria a isso.

O Atlético teve uma boa oportunidade de abrir o placar aos 25 minutos numa falta bem batida por Ronaldinho, gol evitado numa excepcional defesa do goleiro Rogério Ceni. Na seqüência o Galo jogou com um atleta a mais após expulsão do lateral-direito Douglas numa entrada violenta em cima do volante Leandro Donizete.

Mais espaço no gramado, contudo, o time do Atlético voltou a afunilar suas jogadas pelo meio e, algumas delas, se perderam nos pés do atacante Guilherme que, mais uma vez, não se apresentou bem. Facilitou assim o encaixe da marcação do São Paulo que tinha como proposta explícita, como foi no Morumbi, explorar apenas a velocidade de seus atacantes. Galo tinha pela frente um novo teste de paciência e o jogo nas mãos de uma só pessoa: Cuca.

Para felicidade da torcida, Cuca iniciou bem o segundo tempo tirando Guilherme e colocando o atacante Neto Berola.  Logo aos 16 minutos, após jogada tramada entre o zagueiro Leonardo Silva, o meia Bernard recebeu na lateral direita e fez um cruzamento certeiro para a cabeçada firme do atacante Leonardo que abriu o placar para o Galo.

Aos 29 minutos o jovem Bernard saiu contundido e entrou muito bem o atacante Escudero. Começaram a aparecer mais as jogadas de Ronaldinho Gaúcho. O Atlético, apesar obrigou  Rogério Ceni a fazer algumas boas defesas, administrou bem o resultado e seus preciosos três pontos. Richarlyson entrou aos 41 minutos  após pedido de substituição feito pelo próprio atacante Leonardo.

Destaques do jogo: Pierre (o melhor em campo). O volante que, além de fazer com maestria sua função de desarme e contenção, cobriu bem os laterais, principalmente as subidas de Marcos Rocha. Na minha opinião, já merece ser visto como atleta nível Seleção Brasileira pelo talento, garra, determinação e regularidade de suas apresentações. Destaque para atuação de Ronaldinho Gaúcho, Marcos Rocha, Leonardo e Júnior Cesar que, apesar de não atacar bem, anulou o atacante Lucas.

O Galo segue firme. Com um jogo a menos. Foco é a liderança. Na Arena Independência festa, uma alegria incontida da torcida. Ruas enfeitadas pelos tremores das bandeiras atleticanas.  Sorriso e felicidade. Assim, o Atlético Mineiro adentrou a madrugada desta quinta-feira na capital mineira: uma explosão alvinegra nos sonhos da massa.

domingo, 2 de setembro de 2012

É hora de por a “Cuca” para funcionar!


Início do segundo turno e o Atlético segue líder do Brasileirão com um jogo a menos. Pode-se dizer que o Galo sente o cheiro de campeão e ainda está com “a faca e o queijo na mão”. Time perdeu apenas três partidas no ano (Goiás, Copa do Brasil; São Paulo e Corinthians, Brasileiro). É inegável que faz até aqui uma excelente campanha.   

Chamo a atenção para um fato: o time vive agora um momento de total dependência do seu comandante: o técnico Cuca. Elogiei o crescimento do treinador junto à equipe. Sua vibração, o tratamento e o respeito para com o clube e, o notável crescimento que promoveu no elenco desde que chegou ao CT atleticano. O técnico também é um dos responsáveis pela volta do futebol de Ronaldinho Gaúcho.

Contudo, Cuca precisa neste momento estudar como nunca o returno do Campeonato Brasileiro. Isso faz parte do seu continuo crescimento, assim como o da equipe. Pensar as variações e possibilidades de escalação e substituição. Em alguns jogos o treinador não tem sido tão feliz em suas mudanças. Além disso, as principais jogadas ofensivas do Galo estão devidamente marcadas.

Uma das possibilidades que mudaria a tática do jogo do Galo seria, por exemplo, a substituição no decorrer do jogo de Danilinho por Felipe Soutto. Tal alteração daria outro aspecto de ataque e defesa além de liberar os laterais Marcos Rocha e Junior César. Cuca tem insistido em mudar o time sempre com Guilherme, Serginho e, por vezes, Escudero. Tais mudanças não têm alterado a postura e o esquema do time se apresentar em campo.

Cuca tem um estilo próprio e, uma de suas características têm sido as improvisações. Vale ressaltar, contudo, que ele tem um elenco no Galo que dispensa a invenção. Às vezes é necessário fazer o simples. Na derrota para o Corinthians não surtiram efeitos suas alterações. O Galo deu apenas dois chutes certos no gol durante toda a partida contra um chute certo do adversário. Treinador ainda insistiu em manter Leandro Donizete no jogo. Volante estava amarelado desde os onze minutos do primeiro tempo e ele tinha opção de Serginho e Richarlyson já que Soutto sequer estava no banco.

Lembramos que a derrota para o Corinthians não é algo anormal. É um clássico contra uma grande equipe. Lembremos ainda que o Atlético venceu no primeiro turno. Mas a apresentação do Galo em campo é que não foi normal. O time precisa sair da dependência da genialidade de Ronaldinho Gaúcho. Jogadores precisam voltar a se mostra em campo. Está na hora de voltar a raça e a técnica apresentada no começo do campeonato!
                    
Chegou a hora do treinador rever seus conceitos para continuar a vencer e caminhar certeiro rumo ao título honroso de campeão. A jornada é longa. Requer frieza, conhecimento e, sobretudo, humildade para mudar no decorrer do caminho. Tenho certeza que o bom treinador Cuca está atento a isso. Esperamos que ele saiba conviver bem com topo da tabela até o final da missão!