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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

PITACOS NAVEGANTES

O tempo à revelia

O fim de 2015 vem sendo desejado por muitos. Um ano lamacento e sangrento para o mundo. Não precisamos recordar aqui as tragédias e os acontecimentos malignos que, se distanciam de nós, apenas pelo passar das horas.
foto: Flávio Domênico
Fato é que estamos condicionados a desperdiçar nosso precioso tempo. Ainda temos 48 horas para viver neste ano e queremos que esse tempo simplesmente passe. É como se estivéssemos dando nosso coração para o acaso. Desperdiçando 48 horas. Quanta coisa podemos fazer nesses dois dias que findam o ano de 2015?
Emocionado, descobri que, 2016 será realmente diferente: o 5 será substituído pela 6! Essa é a diferença real do ano que ainda não acabou para o que ainda está por vir
.
É que estamos condicionados a pensar pequeno. A pensar apenas na nossa sobrevivência. E realmente dois dias para quem está apenas sobrevivendo é muito. Sobra. Assusta.
Precisamos pensar melhor nossas horas. Nosso tempo. Talvez haja tempo do tempo nos dar um tempo maior para termos mais tempo daqui para frente. Tempo...ah o tempo...
Seja em 2016, seja em 2036, vamos tentar ter tempo para viver e, se possível, AMAR.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

PITACOS NAVEGANTES - Dezembro de 2015

A carta que "Caminha" para trás

Ele avistou o verde, amarelo, azul e branco. Era escrivão de Cabral. Tempos e mais tempos à toa no mar. Cabeça pronta para pensar. Pena e tinta ávidas por um ofício, por um trabalho. Talvez o senhor Pero Vaz estivesse cansado de ver tanta água!
A suposta descoberta do Brasil começou sob os olhares dos destemidos marinheiros portugueses. Agora, 515 anos depois, o barco está à deriva. Não navega mais devido a tanta lama no Atlântico. O barco agora, como num passe de mágica, caminha! Continua se movimentado, "Pero Caminha" para trás.
Os europeus chamavam aqui de "Novo Mundo". Hoje, se escrevessem uma nova carta como a de Vaz, eles chamariam de "Novo Mundo Estragado". Talvez tenham pensado quando desembarcaram por aqui: “ohhh, que belo! Um lugar fácil para a gente explorar, escravizar e contar por séculos vil metal em nossos castelos”.
Ou será que pensaram: “ohhh! Que belo lugarejo! Vamos trazer nossas famílias, povoar esse lugar lindo e criar uma nova sociedade, com uma economia forte, igualitária e fraterna. Vamos aproveitar os nativos como aliados! Faremos um brainstorming e um benchmarking com eles".
Fato é que de 1500 até 1822 (independência) passaram-se 393 anos! Durante todo este tempo o Brasil foi apenas explorado e escravizado. Tornou-se um celeiro de experiências políticas, sociais e econômicas desastrosas. O desenvolvimento e o bem do povo nativo eram secundários. Eram?
A partir do "grito do Ipiranga" temos singelos 193 anos de liberdade e independência. Esse é o tempo até aqui para se reconstruir o sistema de exploração e escravização que assolou o brasileiro. Sob os efeitos aprazíveis da carta de Caminha navegamos em 2015 com nota “sem”! Brasil sem pudor, sem ética, sem educação; Brasil sem saúde, sem paz, sem economia, sem verdade; Brasil sem esperança, sem escola, sem honestidade; mas ainda, Brasil.
As velas içadas nas belas caravelas desbravadoras nos presentearam com uma herança de ventos errantes. O leme tem passado há quase dois séculos de mão em mão e a navegação continua atrapalhada. Em plena era moderna bradamos à revelia nossa independência. Não sabemos o que somos: escravos ou livres. Não sabemos se estamos ainda sob o estalo do açoite e sob o aperto da gargalheira, ou se já vivemos sob a brisa do mar e o barulho cálido de nossos rios.
Hoje, se algum desbravador chegasse por aqui escreveria uma carta com apenas 7 letras ou, se preferirem, com apenas 8 caracteres: socorro!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Diamantes com rubi se foram

Dezesseis e trinta de uma quinta. A tarde chamando a noite que se achegava devagar. Mas algo não estava no roteiro da vida. Algo que representava o descaso, a ignorância, a soberba, a luxúria estava para ditar, mais uma vez, sua regra.
De repente o mundo de oitocentas acabou. O apocalipse chegou ali primeiro. Primeiro que na Lagoinha, no Sion, na Serra, no Leblon, no Mangabeiras. Não deu tempo de proteger a todos. Não deu tempo de salvar diamantes com uma pedrinha de rubi. Eram diamantes com coração. Não deu tempo. Vários diamantes com rubi se foram...
Culpados: a natureza, o terremoto, marte, a lua, o mar, os rios, a lama. Segundo culpado: quem? Fato é que Bento Rodrigues se foi e junto com ele sonhos transformados em lama.
Não havia sequer um aviso de perigo. Não havia um plano. Não havia nada. Havia uma mulher, um homem, uma criança, havia o vovô e a vovó, havia o pai e a mãe. Havia. Não há mais. Não em Bento.
Uma tragédia debaixo de nossos olhos e a solução esteve e está na justiça falha e esdrúxula dos homens. Amontoaram famílias e pessoas de bem. Porque não trouxeram para capital, para acomodações no Ouro Minas, Othon Palace e tantos outros. É pedir muito...
Enquanto estupendos estudiosos se preocupam em criar novos tipos de seres humanos e regras, a vida básica se deteriora como farelo em nossas mãos. Onde está o legislativo, o judiciário e o executivo? Onde está o voto de Bento Rodrigues. Eu sei: no lixo. Assim como o meu. Onde estamos nós neste cenário trágico e cômico?
Menininha de Bento Rodrigues, nos perdoe por não termos conseguido lhe proteger. Por não estarmos todos juntos fazendo uma corrente humana para lhe resgatar. Por deixar essa lama maldita, que suja nosso mundo diariamente, levar você de seu papai e sua mamãe. A gente nem tentou. Mas, reze por nós para que um dia estejamos em paz como você está agora.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Galo x Corinthians

A tarde começou com uma breve caminhada pela ruela que liga a rua Pitangui à rua Ismênia. Até chegar à entrada que me cabia passei pelos corintianos. Já havia confusão. Já havia gás de pimenta no ar. Um clima estranho de guerra quando era para ser de festa. E posso dizer que, se o futebol tem como prioridade gerar violência, está tudo errado.

Para analisar o jogo é preciso dizer que o Independência não comporta um clima como esse de domingo. Infelizmente o perfil das pessoas mudou. A violência mudou. A disposição para se fazer algo que beira à marginalidade está a flor da pele. O Mineirão, estádio esse que o Atlético se sagrou campeão por várias vezes pós-reinauguração, deve ser repensado. É quase que uma obrigação da diretoria e dos responsáveis pelo Gigante da Pampulha encontrar uma solução. Isso seria pensar no torcedor.

O jogo Atlético e Corinthians se resumiu na qualidade paulistana. Um time que se estruturou durante o campeonato e cresceu. Produziu e gerou resultado: o título de 2015. Três a zero e ainda três defesas espetaculares do goleiro Victor. Nenhuma espetacular do Cássio.

Salvo os benefícios de erros de arbitragem no primeiro turno, os paulistas merecem pelo bom desempenho. Não é um time ainda nível futebol europeu, mas está buscando um caminho para se consolidar como tal.

O Atlético não foi 10% do que jogou no primeiro turno. O time perdeu a qualidade de finalização e de toque de bola. Perdeu o sentido de equipe. Perdeu jogadores diferenciados. E ficou praticamente com a missão de tentar algo no comum. Contudo, no futebol, o comum dá lugar ainda ao incomum. Ao improviso, ao bem organizado, ao que vibra e busca resultado. É um jogo e, como tal, precisa de peças boas e de um estrategista bom para pensar a partida.

Dizer que o trabalho de Levir é o pior de todos seria injustiça. Mas é fato que ele há tempos apresenta o mesmo estilo de jogo e aposta muito em suas armações e improvisações. Tal feitio tem um alto custo: ser o coadjuvante. No domingo ele esperou o primeiro gol para tentar algo. Outra relevância: a falta de elenco qualificado. Sabemos das dificuldades financeiras do clube, mas, o técnico dizer abertamente que não precisa de reforços o credencia como cúmplice da estagnação. Precisava e precisa sim, Levir.

O Atlético tenta agora salvar o ano com a conquista da vaga direta para Libertadores 2016. E conquistando essa vaga precisará conquistar um planejamento exemplar para honrar tal feitio. Diretoria tem de apresentar uma equipe que esteja disposta a brilhar 12 meses e não 6, como foi em 2015. Bola pra frente! 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Pitacos Navegantes - A chuva que cai para cima

A avenida Vilarinho ontem em Belo Horizonte foi uma prova que a administração pública está de braços cruzados em ações que possam gerar escoamento, recolhimento e armazenamento de água. De nada adianta os períodos de estiagem e os alarmantes indícios da falta de H2O.
Assim como na economia é mais fácil aumentar impostos e tarifas do que implementar ações efetivas e construtivas.
E os eleitos do executivo e legislativo não se esquecem, entretanto, de fazerem o marketing de ações bizarras e simplórias, obrigatórias muitas vezes, para o pleito do voto eterno!
Há ainda o outro lado da moeda: a falta de educação em jogar lixo nas ruas. É tudo um verdadeiro ciclo de desrespeito e desdenho para com o próximo.
Assim, a sensação é que amanhã pode chover um planeta terra de água que será anunciada a seca no outro dia. Nunca sera suficiente. É como se chovesse mesmo para cima!
Segue a vida.

domingo, 19 de julho de 2015

Ronaldinho Gaúcho - R10 2015

Ronaldinho Gaúcho: o gênio reaparece 

Naquele junho de 2012, Ronaldinho Gaúcho, o gênio, desembarcava em uma nova cidade. Cosmopolita por natureza, ele já havia passado por Porto Alegre, Paris, Barcelona, Milão, Rio de Janeiro. Para recuperar seu brilho, sua mágica, precisava ir para um novo vilarejo! Algo diferente, mágico, assim como ele. Como num passe de mágica, surgiu na Cidade do Galo!

Diferente de tudo que passara até aquele momento, sua chegada teve uma marca: o silêncio. Foi assim que a vida do Ronaldinho começou no Atlético. Foi assim que o gênio se reencontrou com sua mágica. Sob muita crítica e olhares de desconfiança ele pisou no gramado mineiro. Até isso foi diferente, pois, onde quer que ele fosse era recebido como um astro. Aqui os festeiros nacionais não o que quiseram reconhecer. Seu irmão me contara em entrevista exclusiva o que ele veio fazer aqui. Mas o tempo e o Galo trataram de esclarecer que o mágico estava de volta. E como num feitiço ele encantou a todos. E foi campeão. Digno e normal de um gênio. O Galo o devolveu ao futebol e ele devolveu o futebol ao Galo!

Foi embora para o México. E novas festas, recepções, alvoroço. Mas o futebol havia ficado. Hoje ele desembarca novamente em terras cariocas. Assim como na primeira vez que pisara por lá foi preparado todo o roteiro de apresentação! A festa está pronta! Não que ele não mereça. A imprensa brasileira que, no Galo não deu tanta importância à sua chegada, está novamente em alvoroço. Holofotes todos voltados para sua chegada, talvez nem tanto ainda para seu futebol. 

Fato é que Ronaldinho Gaúcho é um gênio. Atualmente no mundo restam dois em plena atividade: ele e  Messi. Espero que, mesmo com toda celebração à frente de sua apresentação de futebol, ele seja feliz. A lição dada pelo Mundo Atleticano parece ter sido esquecida: deixe que ele mostre o futebol, faça sua mágica, depois faça a festa.

No mais, foi uma honra ver Ronaldinho Gaúcho vestindo o manto sagrado do Clube Atlético Mineiro, ser novamente gênio em campo e ser campeão nas terras das Minas Gerais. 

E #ficaadica : Gênio é gênio, o sucesso dependerá de quem esfregue sua lâmpada mágica!

domingo, 21 de junho de 2015

Gazeta da Lagoinha

Não Culpi somente o “pôfexor”!

Caminhamos para oitava rodada do Brasileiro. Diferente de alguns anos, Atlético e Cruzeiro precisam se refazer durante a competição. Parece que a lição de preparo e constância está mesmo longe dos clubes brasileiros. Talvez seja a economia selvagem de valores colossais que permeiam o esporte. Não creio tanto em falta de planejamento. Erros gritantes das atuais diretorias. Mas sim de uma gestão específica no futebol mais competente. Gestão essa que envolve: treinador, atletas e contratações.

Fato é que o Campeão Brasileiro e o Campeão da Copa do Brasil começaram o ano e passam por uma ligeira turbulência.

No Cruzeiro, após a saída de vários jogadores titulares da equipe, foi a vez de Marcelo Oliveira ser convidado a deixar o cargo. Um ciclo vitorioso com aproximadamente 66% de aproveitamento no geral. Marcelo não teve reposição à altura de jogadores. Insistiu muitas vezes também num esquema que já não funcionava. E, alguns jogadores, coomo Gabriel Xavier, não conseguiram boas apresentações sob seu comando. Veio então Luxemburgo, mantém o mesmo estilo de Marcelo, mesmo elenco e consegue vencer dois clássicos seguidos: Atlético e Flamengo.

Fica a pergunta: fator era motivação do técnico com os jogadores? Motivação? Não. São coisas estranhas do mundo do futebol. Quase que obscuras para o torcedor.
Mas, ainda é cedo para determinar o 2015 do “pôfexo” na Raposa. Contudo, se continuar nessa toada, o ano pode ser promissor.

No Atlético a situação é de sinal amarelo para atual momento. Equipe perdeu Tardelli no fim da temporada, Rocha machucado (dizem que já em negociação), Guilherme lutando para conseguir condição de jogo e agora, Luan, um dos jogadores mais aplicados do elenco.
No Atlético temos as atenções atuais voltadas também para Levir Culpi.

O técnico adotou um esquema com um volante e fez o Atlético apresentar por um tempo um futebol que se destacou no cenário nacional. Contudo, o esquema foi estudado por ouros técnicos, como sempre acontece. Hoje o trabalho de Levir começa a ser também questionado pela insistência em alguns jogadores do elenco, como Dátolo e retirada de alguns, como Leandro Donizete.

O Atlético jogo com o excelente volante Rafael Carioca, que, tem como característica a marcação por zona. Parece evidente que o time está vulnerável na marcação e na ligação do meio com o ataque. Contudo, Levir vem usando de certa insistência em sua formação de equipe. Isso tem irritado o torcedor que já começa a cobrar uma postura de estudo e alternativa do treinador.

Alguns jogadores do Atlético não correspondem em campo e outros são, de certa forma, prejudicados pela atual formação tática. Caso do Pratto que não tem recebido bolas para finalizar. No jogo contra o Santos o jogador foi obrigado a sair de sua posição para buscar o jogo, mesmo o time jogando sempre visando o ataque. Algo então está errado.

Pensemos caro amigo e amiga que, a caída de rendimento dos times em campo, não é culpa apenas do treinador. Houve um trabalho bem feito em ambos os times, mas é hora mesmo de repensar a estratégia para almejar um novo ano vitorioso. Mesmo que não venham os títulos, mas o futebol aguerrido e técnico tem de aparecer. Chegou a hora de Atlético e Cruzeiro se refazerem na competição. Se não vem dando certo, que se treine mais e se estude mais. É assim em todas as profissões e no futebol não é diferente. O treino e a dedicação são importantes assim como a qualidade individual e esforço de cada envolvido.

Até a próxima!


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Tijolo solto quebra-se fácil

É tempo de pensar em nossa atomização. Na era solitária. Até mesmo na falsa sensação de exposição da rede virtual. E ela pode sim nos trazer mais solidão.
Estudos da comunicação salientavam textos curtos e objetivos para web. Prova disso nasceria o Twitter. Mas a solidão humana vem como avalanche. Consumindo as relações. Criou-se então uma necessidade de se falar mais por aqui.
Como uma ágora límpida e amplificadora, a web se tornou uma espécie de muleta para solidão. Um conforto para a leitura e o conhecimento. Viver sem esta senhora é pecado mortal. Não entrar é depressão na certa. Vamos registrar. Vamos criar as redes, os laços, os vínculos, as amizades. Vamos curtir!
Para que?
É fato, e não descorrerei por agora, que o espaço virtual nos proporcionaria muitos benefícios e possibilidades edificadoras. Contudo, não estamos prontos para colocar tijolo sob tijolo nessa construção. Tudo porque somos tijolos soltos em nosso mundo verdadeiro. Estamos cada vez mais atomizados e divididos. E tijolo solto quebra-se fácil.
Não tem como voltar. Não há volta. A solidão e a falsa proximidade que o fio (ou o sinal) no traz é algo sedutor. Temos mãos satélites. Com toda efemeridade da caloria humana que a web pode nos proporcionar, ainda assim somos emudecidos por ela. E não parece. Parece que gritamos.
E o perigo está literalmente neste ar e silêncio. Neste falso grito. E o perigo rondou...rondou...e acercou-se da política. Agora são lados extremos e divididos que lutam por um poder. Lutam de forma feroz por ideais e ideais à revelia do bem comum.
Nós, isolados em meio ao contexto em que fomos um dia inseridos, nos vemos na obrigação de jamais aceitar o off.
Dias melhores virão?
Espere que vou procurar a resposta no Google e já volto...

sábado, 14 de março de 2015

PITACOS NAVEGANTES

A febre da Man-infestação

Era julho de 1994, primeiro dia do plano real. Um real era igual a 2.750 cruzeiros. Numa tradicional lanchonete na avenida Afonso Pena em Belo Horizonte, um copo de suco de laranja custava algo em torno de 800 a mil cruzeiros. Isso um dia antes. Um dia depois, já referenciados pelo novo plano, o suco de laranja passou para 1 real ou seja, para 2.750 cruzeiros. Abstenho-me a comentar a troco de que esse plano tentou estabilizar o país.
O plano gerou meu primeiro desemprego. O tempo passou. Vi um senhor barbudo ir à TV como representante dos trabalhadores brasileiros. Pensei: esse cara vai mudar o Brasil. Ele dizia que mudaria a vida de quem trabalha. Do ser supostamente pobre. Ele um dia ganhou, a vida dele mudou, a minha não mudou. Nem no plano real, nem com o governo FHC e nem com o do sr. Barbudo e cia.
O que conquistei foi trabalhando e estudando muito. Suando a camisa e conquistando cabelos brancos. Foi com madrugadas em claro. Foi pagando impostos embutidos e caríssimos até num copo d'água.
Ora, o que é ser pobre no Brasil? O que é ser um trabalhador? O que é ganhar pouco?
Nesse país, como diria a música "os assassinos estão livres, nós não estamos".
Comprar um apartamento e pagar dois é certo? Comprar um carro normal dos normais é pagar dois é certo? Pagar caríssimos em produtos que já estão ultrapassados é certo? Viajar e se endividar o resto do ano à duras penas é certo?
Nosso país virou um liquidificador de ideias abstratas e sem sentido. De teorias à revelia. De leis retrogradas. De gestores incapazes. De ladrões.
O homem está infestado. Uma infestação de ódio, divisão, soberba, mentiras e ignorância. De ator protagonista da vida se tornou um ser atroz. Não é só aqui no Brasil. É geral.
Hoje manifestar virou moda. Mas ninguém manifesta a favor da vida. Da caridade, da solidariedade, da paz. Não vejo um ser sequer levantar uma bandeira de paz. Uma bandeira branca. Não. São as míseras e ordinárias bandeiras partidárias que dominam as mentes brasileiras. Bandeiras que querem sinalizar a chegada e não o caminho. O poder e não a democracia. Democracia?
Não acredito que há um pobre e um rico brigando. Que o PSDB é dos ricos e o PT é dos pobres. Que o PSDB tenda para classe mais afortunada eu até posso digerir. Mas dizer que o PT representa o pobre é pensar que o Lula e a Dilma deveriam então dar o exemplo de sua pobreza e abstenção imperial. Os que se dizem a favor dos pobre vivem regados à uma vida cheia de conforto e ostentação. Fazem o mesmo que o partido dito dos ricos faz. Onde está a diferença?
Nós trabalhadores, de carteira assinada ou não, somos limitados a pagar nosso sobrevivência aqui no Brasil. Não recrimino quem votou na Dilma ou no Aécio. Mas não me venham agora com partidarismo quando nosso país está prestes a se tornar um estado quase que sitiado.
Que nossa manifestação seja sempre em favor da vida. Da família. Do bem comum. Seja a favor de um mundo onde liberdade de comércio e expressão signifique benefício à vida e não morte e exploração. Manifeste e não se infeste de trejeitos e conceitos ultrapassados. Você que vai sair às ruas lembre-se de dar um sorriso para quem encontrar.
Você que vai sair para as ruas para mudar o mundo por este ou aquele lado, pela direita ou pela esquerda, lembre-se de Madre Tereza de Calcutá: "Quer fazer algo para promover a paz mundial? Vá para casa e AME a sua família!"

domingo, 22 de fevereiro de 2015

O ano começou ou não para o Galo?

Hoje talvez tenha sido o pior Atlético x América que já vi em minha vida. O Coelho venceu o Galo sob os olhares afoitos de 10.140 pagantes. Um número pequeno de torcedores para um futebol pequeno em campo. Um jogo sonífero. Diferente desta rivalidade mineira histórica onde já desfilaram grandes craques.

Logo aos 8 minutos, Carlos recebeu um cruzamento de Cesinha pela direita e cabeceou para fora. Assim, o Atlético esboçou que, embora estivesse com time reserva, mostraria que tinha um elenco capaz de resolver a vida no Mineiro. Mas era tudo apenas um lampejo.

No decorrer do jogo desenhou-se uma partida feia. Truncada. Cheia de pancadas, erros grosseiros e chutões por ambas as equipes. Pelo lado do Atlético, de tudo que aconteceu nesta tarde quente no Horto, a luz no fim do túnel: Cárdenas. O menino cabeludo mostrou que pode ser muito útil caso o time queira realmente jogar em 2015. Correu, driblou, protegeu bem a bola, movimentou-se, fez bons passes curtos e boas enfiadas para um ataque que não produziu nada. Foi substituído, segundo Levir, por falta de preparo físico.

O resumo do jogo é: o Galo abriu o placar no começo do segundo tempo com um gol de bola parada feito por jogador que tem jogado parado, André. Mas, 8 minutos depois, o destaque do jogo pelo lado do América fez um golaço: Bryan. Ao final, o Atlético, com um jogador a mais, viu foi América fazer um gol a mais e vencer a partida.

Luz amarela acesa no Atlético. Falou-se de motivação. Falta de ritmo. Enfim, o time alvinegro caminhando para o terceiro mês do ano e para segunda partida da Libertadores um tanto quanto perdido em suas possibilidades. Está nas mãos do Levir e da diretoria acordar esse time. Porque, se hoje o Galo perdeu para o Coelho, amanhã é urgente que tire um coelho da cartola.

VICTOR – Bom, fez boas defesas e não tem culpa pela derrota.
CARLOS CÉSAR – Ruim, apoiou pouco e sem qualidade defensiva.
TIAGO – Bom. Firme na defesa e com boa reposição.
EDCARLOS – Bom. Jogou sério e se entrosou bem com Tiago.
PIERRE – Regular. Pelo que sabe fazer foi bom, mas no conjunto foi regular.
EMERSON CONCEIÇÃO – Péssimo. Infelizmente não conseguiu jogar ainda no Galo.
CESINHA – Ruim, apesar de alguns apoios, pelo que precisa fazer não foi bem.
JOSUÉ – Regular. Prendeu o jogo, errou passes de ligação.
ANDRÉ – Ruim. Apesar do gol de pênalti, não apareceu no jogo.
CÁRDENAS – Muito Bom. Apesar de jogar com reservas, apareceu bem.
CARLOS – Ruim. Apesar de ter se movimentado, não consegue concluir suas jogadas e em alguns momentos prende muito a bola.
DODÔ – Regular. Entrou no lugar de Cárdenas e se esforçou, mas não conseguiu produzir. Nervoso no meio.
DANILO PIRES – Bom. Pelo pouco tempo que esteve em campo mostrou que pode ser útil.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

PITACOS NAVEGANTES

A seca que nos cerca


Talvez nos últimos doze meses a ficha começou a cair para a humanidade brasileira. A água potável está atendendo ao nosso pedido para sumir de nossas vidas. São anos e anos de clemência para que ela desapareça. Pedimos e estamos a ponto de ser atendidos.
Claro, a soberba e imbecilidade cruel de nós, seres que supostamente raciocinam, dita a regra do desenvolvimento "sustentável". A notícia e a consonância midiática se encarregam então de nos lembrar que a sede, a seca e o caos estão batendo à porta.
Mas há tempos já bate à porta do norte de Minas por exemplo. O que foi feito em época de água em abundância em outras regiões mineiras para suprir essa necessidade básica de nossos conterrâneos? Nada. Então imagine se chegarmos ao limite o tanto que nos ajudaremos...
Com toda tecnologia e avanço de engenharia, alguma coisa poderia ter sido feita para amenizar o sofrimento dessas pessoas. Não fizemos. Continuamos a nos esbaldar em meio a banhos e matanças de sede!
Não era com a gente.
Fatos absurdos aconteceram em várias serras e mananciais de água por esse Brasil afora. Lembremos a destruição da Floresta Amazônica. O progresso veio. E com ele veio a pobreza, a escravidão, a seleção, a privação, a segregação...ah sim, o conforto!
Hoje,a única coisa que ameniza o calor insuportável que faz em Belo Horizonte e em muitas regiões brasileiras é a frieza do coração humano. Esse gelo que pode ser considerado o ar concionado do inferno.
Acredite: ninguém está preocupado se faltará água para você tomar banho amanhã ou para você beber daqui a pouco. Tiveram dezenas de anos para se preocupar e não se preocuparam. Acredito no máximo num "boa sorte" ou orações e afins a São Pedro.
Ah...e daqui a pouco chove e tudo volta ao normal. As nascente estão protegidas e o solo preparado para abastecer o lençol freático novamente. Mas, hastag só que não!