Em alguma das minhas colunas passadas
escrevi que o futebol caminhava para um futuro sombrio. Isso porque vários
sinais começaram a aparecer. Falta de técnicos competentes, falta de evolução
das gestões, falta de torcedor nos campos e o principal, falta de jogadores.
O fim dos campinhos de várzea substituídos
pela moderna grama sintética! A falta da criançada correndo e tomando aquela água de torneira, substituída por escolinhas e bebedouros! O sangue da tampa
arrancada no dedão do pé substituído pelos calos nas mãos do controle de vídeo
game!
A única coisa que ainda parece ser a
mesma é a bola...
O verde do gramado agora no bolso
Numa dessas tardes de sábado de 2019 eu
assistia a um dos principais canais de televisão a cabo. Era um horário
considerado até nobre! De repente me deparei com a transmissão “ao vivo”, com
direito a narrador e comentarista, de uma partida de PS4. Sim! Uma partida de futebol
virtual (videogame) transmitida ao vivo!
Poderíamos pensar que, num futuro
próximo, será mais importante nossas crianças terem habilidades nos dedos das
mãos manejando controles? Ou será ainda louvável a qualidade técnica e física
numa partida de futebol real?
Sinto muita falta das “peladinhas” do
conjunto IAPI nos finais de semana. Chuva, sol, frio, não havia tempo ruim!
Raramente vemos hoje uma turma unida para jogar bola como antes. Mas me dizem:
ahhhh é reflexo do mundo moderno.
O futebol de salão (que para mim era indispensável
na formação técnica de um jogador) sumiu! Lembro ainda que no saudoso Colégio
Municipal de Belo Horizonte aprendíamos fundamentos do futebol. Desde bater um
lateral corretamente até saber dar um passe ou treinar meros chutes a gol. Era
raro o professor liberar aquela “pelada” pois, primeiro, a formação.
Os anos se passaram e o verde dos
gramados de futebol está mais reluzente no bolso. Futebol passou a ser negócio
puro e direto. Atleta passou a ser um produto de investimento de alta
rentabilidade. Imaginem se o Pelé jogasse hoje. Se o Tostão jogasse hoje. Para comprá-los
e mantê-los nos clubes seria necessário vender as esfinges do Egito!
O futebol de Minas
Fui convidado pelo Atlético para
fazer o pré-jogo no Independência na partida contra o Tupi pela TV GALO sob a
condução do amigo e também jornalista, Felipe Ribeiro. Em um dos comentários
ressaltei a importância do campeonato mineiro, mas, destaquei a diferença desta
importância para os grandes e para os pequenos clubes.
Um exemplo: para o Tupi e maioria dos
times que compõe o campeonato mineiro os jogos se tornam vitrines para
realização do sonho de ser um jogador de futebol. Contudo, para Atlético, Cruzeiro
e até mesmo o América, o Mineiro serve para alinhar e conhecer o elenco da
temporada. Assim como sabiamente Levir Culpi vem fazendo no Galo. Colocando
literalmente um time B para atuar, conhecendo mais os jogadores e assim dando
um padrão único para que, quem vestir a camisa do clube entre bem.
Termino dizendo que, depois daquele
trágico e inadmissível incêndio no CT do Flamengo a gente pensa: o futebol é
apaixonante, mas o descaso e a soberba que vivemos é mortífero. Não combinam.
Não podemos aceitar que no futebol, onde se envolve milhões em dinheiro, tenhamos
um fato tão medonho e devastador.
O esporte futebol vai pedindo socorro
em tudo: desde um prato digno de tropeiro até o tratamento melhor para o
torcedor; do cuidado e dedicação para com as crianças e jovens, até a formação
de grandes profissionais que nos apresentem um novo espetáculo!
O futebol parece que deu uma
“saidinha”...mas acredito que ele volte!!!
Até a próxima!