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sábado, 18 de outubro de 2008

Usar uma "aliança" ou "isso dá pra fazer"?

Flávio Domênico

Votamos e o segundo turno está aí. Praticamente empatados em número de votos no primeiro turno, os candidatos a prefeito Márcio Lacerda e Leonardo Quintão, disputam fervorosamente a cadeira onde sentará o comandante da capital mineira.

Algumas peculiaridades das aparições na mídia de ambos: Márcio Lacerda, desta vez, tenta passar mais segurança para o eleitor, não quis ficar para trás em termos de ataque e optou em exibir um vídeo um tanto quanto bizarro de seu oponente. Tem falado que também pretende cuidar de gente e continua apostando no discurso da aliança mineira que constrói (PT-PSDB, algumas pessoas dizem que é o mesmo que juntar torcidas de Atlético e Cruzeiro num clássico no Mineirão...). Em tempo: aliança por aliança, Quintão é protestante, Eros é Católico...
Já Leonardo Quintão, utiliza cada vez mais o recurso de falar a linguagem do povo e passar uma idéia de simplicidade. Diz para o eleitor que muito do que não foi feito ele irá lutar para fazer: “gente, isso dá pra fazer”. Insiste em lembrar que “gente cuida de gente”! Uma novidade: em seu espaço no horário eleitoral, Quintão disse que criará uma central de atendimento na prefeitura para atender a população, numa espécie de “fale com o prefeito”. No programa de entrevista da Rede Bandeirante, que foi ao ar no dia 16 de outubro, o jornalista da Rádio Itatiaia, Eduardo Costa, perguntou se ele conseguiria atender pessoalmente todo cidadão. Quintão respondeu, com singelo sorriso, que, na verdade, não dá para atender pessoalmente a todos, mas terá uma equipe para fazer isso.

Na televisão e no rádio, nota-se na campanha de ambos os candidatos a pequena colaboração dos vices. O Deputado Estadual Eros Biondini (PHS), eleito em Minas Gerais com mais de 68 mil votos, vice de Leonardo Quintão, participou pouco da campanha do candidato. O candidato Márcio Lacerda também tem disponibilizado pouco espaço para seu vice, Roberto Carvalho.

O certo é que informações chegam de todos os lados sobre os candidatos; emails pipocam em nossas caixas de entrada falando de um e falando do outro. Um é o homem da “aliança”, o outro carrega a bandeira cujo jargão é “gente, isso dá pra fazer!”. Nós eleitores ficamos com o fácil dever de casa: escolher um dos dois para administrar a terceira maior capital do Brasil.

Não quero ficar “para trás” em termos de jargão, então: “que vença o melhor!”

5 comentários:

Luiz Ademir disse...

Olá, Flávio,
Recebi o seu e-mail e acessei o seu blog. É um orgulho para nós, professores, verem nossos ex-alunos em plena atividade jornalística. Como tenho grande interesse por política, não poderia deixar de postar alguns comentários.
A eleição de Belo Horizonte, principalmente da forma como vem sendo conduzida no segundo turno, representa um retrocesso político. A frente de centro-esquerda, que há 4 mandatos está à frente da PBH, sai fragmentada, dividida. De um lado, os que acreditaram numa aliança política entre PT e PSDB num discurso que tem como pano de fundo a própria idéia de a boa política é acabar com o confronto de idéias. Quem disse que a polarização PT e PSDB não é construtiva no sentido de dar pluralidade à democracia. Aí está o grande equívoca desta aliança esdrúxula entre petistas e tucanos em BH.
Por outro lado, surge a surpresa, o chamado fenômeno eleitoral. Alguém sem pretensões que de repente passa a liderar a disputa. Leonardo Quintão (PMDB) não é uma surpresa apenas eleitoral. È uma surpresa, porque tornou a disputa pela Prefeitura quase uma "guerra santa". Trabalha com um discurso que beira o grotesco - "gente que cuida de gente". É um discurso político que traz riscos, porque apela para o emocional. Não que a emoção não possa entrar na política, mas não construída de forma tão apolítica. Sem apresentar projetos consistentes e sem mostrar que tem uma trajetória política em que se possa confiar, Quintão tornou-se também um problema.
Em síntese, a eleição tem dois grandes equívocos. Aí discordo de você: vença o melhor. Acho que, neste caso, vença o que vai trazer menos riscos para BH.
O eleitor de BH vive um retrocesso e não tem muito que escolher.
Luiz Ademir de Oliveira

Anônimo disse...

Flavinho, não tô achando nada fácil esse dever de casa, viu... Claro que muita gente acredita firmemente em algum dos candidatos. Mas eu me angustio: como é triste a falta de opções!

E esses emails têm me irritado. Minha mãe recebeu o mesmo texto três vezes, e em cada uma dessas vezes havia uma assinatura diferente. Escritos apócrifos demonstram o quanto estamos mal.

Também notei a ausência dos vices nas campanhas de ambos. Acho muito esquisito... ser vice deve ser pior que ser primeira-dama, né não? rsrs

Bjs,
Letícia

Anônimo disse...

Flávio, caro, como está?
Vejo pontos positivos de toda a movimentação política, embora concorde com os apontamentos do Luiz Ademir. Apesar do sinal de retrocesso, noto que parece diminuir a acomodação do mineiro com a política: as pessoas parecem ter notado as estratégias da comunicação política, o que é necessário para que se vote decentemente. Explico: as pessoas, hoje, percebem um sotaque forçado e apropriado a um certo discurso populista, por exemplo, ou uma aliança conveniente para esvaziar o debate (que debate?)e por fim a disputa política. No primeiro turno, com uma semana de disputa, mais de 30% das pessoas decidiram votar em um cara que nunca tinham ouvido falar. Depois, parte debandou-se para um candidato que humanizou sua campanha (reparem que caminhamos para o modelo de campanha norte-americana...) com conversa para boi dormir. Tenho certeza que o número de votos nulos irá aumentar neste segundo turno. Vamos esperar. Muitos anularão não por alienação, mas pelo fim de uma certa inocência política, que nos deixa suscetíveis demais as estratégias da comunicação política. Ninguém vai aprender política do dia para noite. A cidade perdeu com estas eleições. Ainda assim fico otimista.
Abr,
Alexander.

Anônimo disse...

Olá Flávio!
Puxa vida, se fizessemos uma análise a fundo acabaríamos por votar no menos pior e, no que tem o passado menos manchado. Pois bem, de um lado temos Leonardo Quintão que é realmente político, não me surpreendería saber que de criancinha o pai dele já o preparava para um dia assumir o pleito, e o pior com carinha de que nunca trablhou na vida. Do outro lado temos Marcio Lacerda que sim, teve que fazer curso no SENAI pra construir logo após seu império, mas esse em contrapartida não é político, não foi treinado pra isso. Seu discurso não convenceu grande parte do eleitorado no primeiro turno.
É meu amigo, num tá nada fácil como você disse não...

Grande abraço e parabéns por abrir a discussão!!!

Unknown disse...

Bem dizia Rui Barbosa(1849-1923) em Cartas de Inglaterra, "A pior democracia é preferível à melhor das Ditaduras". Seja o desconhecido ou o "chorão", avaliar bem é a grande questão. De sorte, a política não é feita apenas do poder executivo, sobretudo da participação popular, de onde emana o poder. Desesperar ou ignorar não resolve, qual seja o resultado dia 26, mais ainda haverá motivos para os cidadãos belorizontinos estar presente nas "ações políticas" da cidade !

Falô Fizzão !!!
Até mais,
Félix Fernando