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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Véspera

flávio domênico de araújo

Água inundou,
lágrima secou.
Ouviram tanta promessa,
agora, vida que regressa.

Sob um olhar indiferente,
se esfacela a vida dessa gente.
Mata-se rios,
cria-se ninhos.
De cobra, de serpente,
uma capciosa corja ardente.
Sob um monte de canalhas,
dispostos a cortes de navalhas,
celebram-se atos tardios,
fabricam-se protetores arredios,
que se esmeram em frases,
que se dizem de seu atos ases!

Perene sofrimento chamado peleja,
custoso sonho que se almeja.
Fardo que vira fato,
dor imensa, sem fim.
Vida construída,
história destruída.
Manchete de folhetim.

Parece que nada importa.
Cessam-se os sonhos,
serram-se as portas para enchente,
quanto choro se ouve desta gente.

Era a espera do dia primeiro,
do bouquet ao espinheiro.
Achega-se a noite,
dorme-se sob um açoite.
Acorda-se com uma fé remota,
uma agonia que se nota.

Era para ser festa,
era celebração,
o que viu-se por um fresta:
uma véspera de sofreguidão.

5 comentários:

Daniel Leite disse...

Eu chamaria de "Crônica poética" por retratar tão bem a dura realidade daqueles que tudo perdem da noite pro dia.

Digitação, Transcrição, Revisão de Textos disse...

Lindo Flávio! Peçamos apenas para Deus aumentar sempre a nossa fé e que nos dê força para sempre continuar lutando.

Iza Cardoso disse...

Uai meu caro amigo... que foto é essa? Home de preto?? rsrs Que bacana seu blog. Grande beijo pra ti e Deus te abençoe!

Luciene B Conselho disse...

Não é necessário um comentário para este texto que expressa tão bem essa trágica realidade. Não ha o que acrescentar nem o que descordar. Deixo então apenas o refrão de uma música para aqueles que viveram e/ou estão vivendo essa tragédia (talvez novamente): "e ainda se vier noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até fazer você chorar mas Deus te quer sorrindo..."

Anônimo disse...

Lindo poema que retrata com precisão a realidade!
Amir