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Bandeirão do Galo enfeita Arena do Jacaré |
O futebol no Brasil está fortemente atrelado à cultura da população. Ao
jeito de viver, ao jeito de pensar, ao jeito de se divertir, de ouvir rádio, de
ver televisão.
Charles Miller trouxe a amada bolinha para nosso país no final do século
XIX. Uma paixão inicial que era somente para elite. Mais tarde seria uma paixão
popular na vida de um país sedento por liberdade, união e democracia.
Junto com a bola, Miller trouxe debaixo do braço um livro de regras.
Houve a preocupação desde o início de se aprender o jogo. De ser um esporte. De
ser levado a sério.
Mais tarde o futebol se enlaçaria com a comunicação. O casamento rádio e
futebol a partir do século XX e, depois, com a televisão, alavancaria tanto o
esporte quanto os empresários do ramo. Surgiram as torcidas, o amor, a
vibração! Surgia o encanto das arquibancadas, um reflexo da arte que se via nos
gramados.
Passo então para uma questão delicada. Quando o futebol saiu da condição
de paixão e virou um dos mais atrativos meios de business do mercado atual a
coisa complicou. Hoje, com o envolvimento de milhões de dólares, euros, reais,
entre outras moedas, o futebol se desenhou, principalmente a partir da década
de 90, como um negócio lucrativo e rentável.
Nesta mistura heterogênea (mas por vezes homogênea) entre paixão e
lucro, o esporte vem se redesenhando e sobrevivendo em seus limites e atrações.
O centenário Clube Atlético Mineiro vive essa história de forma
absoluta. Um time com histórico vencedor e de conquistas brilhantes que
arrebanhou torcedores fiéis espalhados por toda Minas Gerais e por todo
Brasil.
Não ousaria dizer ao estimado leitor e à estimada leitora que, o Galo,
vem sendo roubado (ou furtado) nos últimos 30 anos. Seria pejorativo e
presunçoso de minha parte tal comentário. Mas, fatos estranhos ocorreram neste
tempo que, de certa forma, marcou jogadores, instituição e a torcida.
Certos de infortúnios ou não, ao se analisar 77, 80, 81 e 2012,
encontraremos estranhas semelhanças de fatores extracampo que, de certo modo,
ceifaram momentos de felicidade do clube.
Hoje, com o advento da tecnologia, com a velocidade da mídia e da
informação, ficaram mais expostos alguns erros e situações. Tais fatos
comprometem por vezes aquele futebol romântico e apaixonante do final do século
XIX.
Na semana que se passou, o simples adiamento da partida entre Flamengo e
Atlético, que valeria pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2012, já é um
sonoro alerta aos amantes do futebol. Não só os vinculados ao Atlético.
O Galo saiu imune desta decisão, não perdeu a liderança e ainda tem um
jogo a menos. Joga duas partidas no Independência e pode conquistar 6 pontos
importantes. Contudo, não deu para entender a decisão da CBF em adiar o jogo.
O momento do histórico clube carioca não era bom. Até o dia 26 de
setembro, data homologada para se realizar o jogo adiado, as coisas já terão
melhorado muito para o clube de regatas da Baía de Guanabara! Liedson por
exemplo, não estaria em campo e, quem sabe se dará um jeito de entrar em campo
na data postergada. O Flamengo fazia a transição de seu comando técnico. Nesta
data já estará consolidada a comissão!
São fatos que mostram bastidores questionáveis de um esporte democrático
e popular. Resta ao Clube Atlético Mineiro ignorar tais fatos e reescrever sua
tradição neste ano. Passar por cima destes momentos políticos e isolados. É
hora de dar uma resposta em campo para o mundo.
O fato de se ter Ronaldinho Gaúcho no time acende holofotes
internacionais para todo o trajeto do Atlético na competição. Desta vez não
será fácil ganhar do Galo em campo e, muito menos, fora dele.
Hoje rumores de armações e tramóias pipocam por todos os lados. Todos
comentam e querem dar furos e explicações. Mas, o que se realmente espera é que
o Atlético esteja blindado contra essas questões.
Tenho um fio de esperança que se prevaleçam soberanas as regras e o
cuidado de Charles Miller, pai dos primórdios deste vitorioso futebol
brasileiro!