Uma das minhas alegrias em ir ao antigo Estádio Independência, mesmo com
todo o desconforto em relação ao Mineirão, era comprar bolinhos de feijão
vendidos por um senhor nas arquibancadas.
Por essas e outras que digo, o antigo Independência tinha cheiro de
história. De povo. De torcida. Fato que, o charmoso bairro Horto acostumou-se a
acolher aquele navio de grama construído em seu meio. Não que o novo (Arena
Independência) seja diferente. Sofisticou-se. E, algumas coisas ainda não estão
tão legais dada à expectativa de sua pujança.
Meu primeiro contato com o novo estádio foi em maio no jogo Atlético x
Goiás. Cheguei de mansinho na casa nova. No palco reformado. Ao adquirir o
primeiro “pacote de alimento” neste estádio reformado vi que era uma nova era.
Dez reais deram para comprar apenas um salgado esquentado no micro-ondas e um
refrigerante. Salgado meio chicletes. Confesso: sabia que com o tempo eu seria
persuadido a consumir isso como única opção. Que saudade do velho e bom
tropeiro!
Vi que alguém havia sumido em meio a toda construção: o senhor que
vendia bolinho de feijão. Lembro dele gritando em meio as arquibancadas de
concreto e vendia bem. Era um preço bom e produto bem feito. Cheguei a comer o
bolinho quente por vezes. Mas ele havia sumido, ao menos até esta
quarta-feira...
No jogo Atlético x São Paulo, chegava eu pela rua Ismênia e uma
surpresa. Lá estava ele com seu balaio. O mesmo balaio marrom. A mesma oferta.
Na volta uma rápida prosa. Seu Marcílio há 25 anos vendia bolinhos nas
arquibancadas no meio do povo! Era uma opção caseira de tira-gosto.
Conversando comigo e, ao mesmo tempo atento ao possível consumidor,
disse que as coisas andam difíceis. Com o balaio ainda cheio de bolinhos ele
disse que já não vende mais como antigamente. Tentou negociar com a BWA pagar
uma porcentagem da venda, mas não houve sucesso.
Hoje não há mais espaço para
ele dentro do estádio. Antes havia. Um trabalho de duas décadas vencido pela
arbitrariedade do sistema.
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