Grama sendo irrigada antes da partida e faltava água nos bebedouros |
Não quero e não tenho a intenção de publicar e produzir textos somente sobre futebol. Contudo, temos de parar com ideias fundamentalistas e preconceituosas sobre o esporte mais popular do Brasil. Digo isto porque, hoje, ao observar fatos e acontecimentos do mundo esportivo, podemos traçar um perfil político, social e econômico de nosso país.
O futebol está enraizado no povo brasileiro assim como o samba, como a música, como o teatro, entre tantos outros entretenimentos.
Ontem, ao entrar no "Novo Mineirão", não passei nenhuma dificuldade. Isso porque não fui como torcedor, mas estava no pleno exercício de minha profissão.
Como estava lá para cobrir a torcida do Atlético, a pauta era mostrar a alegria do reencontro com o palco maior do futebol mineiro. Mostrar as famílias chegando, crianças, moças, rapazes, fazendo festa e aguardando o início da partida.
Mas, infelizmente, antes do apito inicial, ao andar por quase 2 horas por todo anel do estádio (onde se encontrava a torcida do Galo) eu e o cinegrafista Aender Pereira nos deparamos com cenas de desespero, tristeza, revolta, angústia e aflição.
A natureza havia colaborado. O sol brilhava. Tempo quente! Sem chuva, como queriam os organizadores! Mas o que se viu foram pessoas com sede, fome, perdidas, tentando obter alguma informação. Pais de família querendo achar um copo d'água, bebedouros sem água ou com água quente para se beber, bares fechados, preços altos dos produtos, pessoas com gelo na mão para matar a sede, enfim, começava ali um outro tipo de pauta.
O jornalista precisa angular sua matéria de acordo com o fato, com a situação.
O que aconteceu ontem no "Novo Mineirão" com o torcedor foi lamentável. Não há desculpas da Minas Arena que irão apagar as cenas que vi e registrei.
Vamos parar com a hipocrisia de condenar quem gosta de ir ao estádio de futebol, brincar e torcer para seu time. É tão importante para ele quanto pode ser para alguns, por exemplo, ir a um show do Chico Buarque num grande teatro ou, quem sabe, a um espetáculo do Cirque du Soleil.
O torcedor, o cidadão mineiro, ontem foi tratado de forma cruel e vil. Enquanto se irrigava o campo antes do jogo, faltava-se água nos bebedouros. Faltava-se água para beber.
O Mineirão não era assim. Era como se fosse a segunda casa da família mineira. Mesmo com bancos de cimentos, com a famosa "geral", ele acolhia a todos com propriedade. Os bares eram sensacionais, a comida então! O cheiro do tropeiro era outro sim. Lá fora a alegria dos amigos e amigas nas barracas para a resenha!
Minas Arena precisa estudar o futebol mineiro. Os novos gestores precisam aprender que o torcedor de futebol deve ser tratado com respeito e dignidade. Ele merece e o pior, ele paga para ser!
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