A defesa de São Victor/ Foto : Anna Ftg |
Um dos acontecimentos mais
emocionantes do futebol mundial desta década aconteceu quinta-feira no estádio
Independência. A festa estava preparada. Não por arrogância, por falta de respeito,
por excesso de confiança, mas, por questões de crença no fato. A torcida do
Atlético cantava e aguardava o apito inicial. Contudo, não sabia que, talvez, seriam
os 90 minutos de partida mais dramáticos do século XXI.
O cão do México veio confiante
para jogar por entre as montanhas de Minas Gerais. Logo nos primeiros segundos
de jogo, los mexicanos apresentaram
ao “santo” da noite seu cartão de visitas. Após um empate dramático no tempo
normal veio o temido acréscimo. Que o acréscimo fosse de milho, de catupiry, de
queijo...até de jiló mas, o acréscimo foi de adrenalina no coração. Um
acréscimo que soprava como um vento forte para apagar um sonho. Partida
caminhava para o final, 1 x 1 classificava o Atlético.
De repente um pênalti
aos 47 minutos do segundo tempo. Parecia coisa de cinema. Naquele momento uma
matilha de cães ofuscava o canto do galo. Riascos, o artilheiro do Tijuana
pediu para bater. Caminhou para a bola confiante, determinado e frio. Mas ele não
sabia que estava prestes a canonizar um santo.
Silêncio no horto. Olhares emudecidos.
O chute. Deu para escutar por milésimos de segundos o barulho da bola. Depois
uma explosão de alegria. Como que num verdadeiro milagre, o goleiro do
Atlético, Victor, defendeu com o pé esquerdo o pênalti que eliminaria o Galo.
Ali, naquele momento, São Victor
foi canonizado. Um milagre. Fruto da competência e do trabalho. O apito final
assinou sua santidade!
A narração de Osvaldo Reis
(Pequitito) na rádio CBN explicitou a emoção e o êxtase da torcida atleticana. De
todos que estavam ali trabalhando ou torcendo. O Galo estava curado da dor. São
Victor foi enviado para exorcizar de vez a máscara do pânico. Enquanto eu
descia para a coletiva do técnico Cuca observava o ar de graça que se espalhara
pelo estádio. Nos corredores do Independência me encontrei com o humorista e
apresentador Tom Cavalcanti. Estava atônito. Confessou-me que era o cearense
mais atleticano do Brasil. Narrou como João Canabrava a defesa do Victor (vídeo
disponível em www.resenhadogalo.com.br).
É verdade que algumas peças
precisam chegar para dar continuidade à árdua caminhada que o Galo tem pela
frente. Um lateral direito, por exemplo. No jogo contra o Tijuana e no empate
deste domingo contra o São Paulo, Leandro Donizete foi improvisado como
lateral. Time está exausto, são quase trinta jogos até agora. Viagens e
partidas difíceis. Diretoria trabalha em silêncio e pode anunciar reforços em
breve.
O Atlético segue firme na
Libertadores e no dia 03 de julho pisará novamente em terras argentinas. Desta
vez para enfrentar o Newell's
Old Boys pela semi-finais em Rosário. Uma cidade que tem esse
nome em homenagem à Virgem do Rosário. Um local já místico. E, para lá, irá
como numa peregrinação, vestindo um manto em preto e branco, o santo do tal
horto!
7 comentários:
D+!
parabéns pela crônica e realmente foi algo magico e misterioso que só o futebol com suas imprevisibilidades proporciona.
Obrigado Altair e Anna!
Disse tudo Flávio! E vamos que vamos com o Galo...
Olá, Flávio. Belo texto. E já faço cá um pedido. Sou atleticando, estava no Horto nesse dia e, por um acaso, sou cineasta. Estou fazendo um curta sobre esse momento do penalte e, pra isso, recolho depoimentos de torcedores sobre. Posso pegar uma ou duas frases do seu texto? Claro que creditarei seu nome no final.
Abs
Pode sim amigo, será um prazer, mande um email para mim informando no flaviodomenico@gmail.com
Será um prazer! Aguardo contato no email! Abraços e obrigado!
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