*texto publicado no Jornal Gazeta da Lagoinha
Esse papo de safra fraca no futebol
brasileiro já virou retórica. Por um lado é correto afirma que não temos
grandes craques por aqui. Não se encontra por aí grandes talentos com a bola
nos pés como há algum tempo atrás. Mas, por outro lado, há jogadores que, se
bem organizados em campo, podem ajudar seus clubes a se reencontrarem. Um bom
exemplo é o Cruzeiro. Um time sem uma grande estrela e sem um grande craque.
Mas é um time com bons jogadores, bem treinado e que evolui dentro de campo. Um
time que o treinador consegue alterar o perfil de sua armação e focar no
objetivo da vitória. E o melhor: um time que marca gol.
Como já disse aqui em edições
anteriores, hoje o papel do técnico de futebol gira em torno de uma responsabilidade
ainda maior. O técnico é quem define o esquema de jogo ou o altera durante o
jogo. Sim, porque escalar jogador de acordo com sua função e substituí-lo por
outro igual é fazer apenas o básico. Geralmente é isso que se vê nos comandos
técnicos por aqui. Talvez antes, os gênios e fenômenos supriam a necessidade de
um excelente comandante. Mas eles voltaram para suas lâmpadas. Estão escondidos
neste país de tamanho continental chamado Brasil. E o pior: não apareceu ainda
ninguém competente para achá-los... ou lapidá-los.
Com raras exceções, o futebol
brasileiro se limita às carências de profissionais atualizados. Por detrás
disso existe ainda um esquema de futebol retrógado que parou no tempo. Isso tem
um preço. Um bom exemplo é a CBF e a insistência de Dunga na seleção.
A seleção brasileira é o espelho do
futebol brasileiro. Desorganizada, perdida em campo, dependente de lampejos
individuais e pressionada pelo glorioso passado histórico.
É fato afirmar que, Marcelo Oliveira
no Cruzeiro apresenta, sem ter o direito à uma seleção de craques, um futebol
infinitamente superior ao proposto por Dunga no comando de seus selecionáveis. Duas
vitórias com dois gols de bolas paradas. Beira ao ridículo. E se antes se
parava tudo para assistir um jogo do Brasil, hoje é um sacrifício ficar
acordado para ver o que estão arrumando pós 7 x 1.
Dorival Jr. no último programa
“Bem,amigos” ressaltou o óbvio e o que eu já falei várias vezes aqui: os
técnicos brasileiros não evoluíram e sofrem frente à escassez de jogadores que
possam resolver a partida sozinhos em campo.
Levir Culpi, por exemplo, herdou do
Atlético um time campeão da Libertadores 2013 e hoje se limita a ter 50% de
aproveitamento no campeonato brasileiro. O Galo de Levir, embora mantenha um
suposto esquema próximo daquele de Cuca, está longe do futebol vibrante e
competitivo de antes. Falta algo. Falta muito em campo. Nota-se a ausência de
um esquema e capacidade de alteração de jogo durante as partidas. Falta
inclusive o básico para vencer: fazer os gols!
Para terminar, destaco que, no Campeonato
Mineiro 2014, pouca coisa se destacou, mas, tivemos algo novo: Moacir Júnior e
seu auxiliar Altair Coimbra. Ambos faziam um trabalho muito bom no Tombense. O
time de Tombos estava no caminho para almejar uma classificação para fase final
até que o Coelho os levou para sua toca. Resultado: mesmo com um time limitado
(assim como era o da Tombense) e com uma campanha até então ruim, o técnico
armou, treinou e classificou o América para fase final do Mineiro. Hoje o
América luta forte para terminar a série B no G4 e figurar entre a elite em
2015.
Safra...safra...safra...paremos com
esse discurso. Lembremos aos técnicos que, um bom profissional tem de trabalhar
e render com o que seu contratante lhe ofereceu. Lembremos que ele aceitou
trabalhar sabendo o que tinha. Então é hora de arregaçar as mangas e gerar
resultado.
E resultado se vem com estudo,
perseverança e muito treino!
Lembrando que, para que venham os
tempos de boa colheita e, conseqüentemente de boa safra, é preciso semear e
cuidar das boas sementes!
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