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sábado, 13 de setembro de 2014

A safra é fraca

*texto publicado no Jornal Gazeta da Lagoinha

Esse papo de safra fraca no futebol brasileiro já virou retórica. Por um lado é correto afirma que não temos grandes craques por aqui. Não se encontra por aí grandes talentos com a bola nos pés como há algum tempo atrás. Mas, por outro lado, há jogadores que, se bem organizados em campo, podem ajudar seus clubes a se reencontrarem. Um bom exemplo é o Cruzeiro. Um time sem uma grande estrela e sem um grande craque. Mas é um time com bons jogadores, bem treinado e que evolui dentro de campo. Um time que o treinador consegue alterar o perfil de sua armação e focar no objetivo da vitória. E o melhor: um time que marca gol.

Como já disse aqui em edições anteriores, hoje o papel do técnico de futebol gira em torno de uma responsabilidade ainda maior. O técnico é quem define o esquema de jogo ou o altera durante o jogo. Sim, porque escalar jogador de acordo com sua função e substituí-lo por outro igual é fazer apenas o básico. Geralmente é isso que se vê nos comandos técnicos por aqui. Talvez antes, os gênios e fenômenos supriam a necessidade de um excelente comandante. Mas eles voltaram para suas lâmpadas. Estão escondidos neste país de tamanho continental chamado Brasil. E o pior: não apareceu ainda ninguém competente para achá-los... ou lapidá-los.

Com raras exceções, o futebol brasileiro se limita às carências de profissionais atualizados. Por detrás disso existe ainda um esquema de futebol retrógado que parou no tempo. Isso tem um preço. Um bom exemplo é a CBF e a insistência de Dunga na seleção.

A seleção brasileira é o espelho do futebol brasileiro. Desorganizada, perdida em campo, dependente de lampejos individuais e pressionada pelo glorioso passado histórico.
É fato afirmar que, Marcelo Oliveira no Cruzeiro apresenta, sem ter o direito à uma seleção de craques, um futebol infinitamente superior ao proposto por Dunga no comando de seus selecionáveis. Duas vitórias com dois gols de bolas paradas. Beira ao ridículo. E se antes se parava tudo para assistir um jogo do Brasil, hoje é um sacrifício ficar acordado para ver o que estão arrumando pós 7 x 1.

Dorival Jr. no último programa “Bem,amigos” ressaltou o óbvio e o que eu já falei várias vezes aqui: os técnicos brasileiros não evoluíram e sofrem frente à escassez de jogadores que possam resolver a partida sozinhos em campo.
Levir Culpi, por exemplo, herdou do Atlético um time campeão da Libertadores 2013 e hoje se limita a ter 50% de aproveitamento no campeonato brasileiro. O Galo de Levir, embora mantenha um suposto esquema próximo daquele de Cuca, está longe do futebol vibrante e competitivo de antes. Falta algo. Falta muito em campo. Nota-se a ausência de um esquema e capacidade de alteração de jogo durante as partidas. Falta inclusive o básico para vencer: fazer os gols!

Para terminar, destaco que, no Campeonato Mineiro 2014, pouca coisa se destacou, mas, tivemos algo novo: Moacir Júnior e seu auxiliar Altair Coimbra. Ambos faziam um trabalho muito bom no Tombense. O time de Tombos estava no caminho para almejar uma classificação para fase final até que o Coelho os levou para sua toca. Resultado: mesmo com um time limitado (assim como era o da Tombense) e com uma campanha até então ruim, o técnico armou, treinou e classificou o América para fase final do Mineiro. Hoje o América luta forte para terminar a série B no G4 e figurar entre a elite em 2015.

Safra...safra...safra...paremos com esse discurso. Lembremos aos técnicos que, um bom profissional tem de trabalhar e render com o que seu contratante lhe ofereceu. Lembremos que ele aceitou trabalhar sabendo o que tinha. Então é hora de arregaçar as mangas e gerar resultado.
E resultado se vem com estudo, perseverança e muito treino!

Lembrando que, para que venham os tempos de boa colheita e, conseqüentemente de boa safra, é preciso semear e cuidar das boas sementes! 

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