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sábado, 26 de novembro de 2016

A demissão que sugere inovação

*twitter: @flaviodomenico

Há algum tempo escrevi  sobre a importância do técnico neste momento atual do futebol brasileiro (A Safra é fraca – setembro de 2014).  A escassez de bons jogadores, craques e até mesmo o desaparecimento dos gênios levaria o mundo do futebol a exigir mais do grupo e menos do individual. Mais trabalho do comandante à beira do campo, do técnico.

Foi-se o tempo onde havia 5 ou 6 atletas de alto nível num mesmo grupo. Hoje, o comprometimento da equipe, a obediência do jogador e a visão apurada do treinador tende a fazer a diferença na hora das conquistas.

O trabalho do treinador é sim de tamanha importância para organização e gerenciamento do time durante uma partida e, sobretudo, numa campanha rumo ao título. Contudo, o treinador não é a alma do time. Não é o motor e a essência das jogadas. Tal fato se deve ao clube de futebol e aos jogadores que vestem a camisa deste time. Quando o treinador chega não irá representar sua filosofia de trabalho, mas a de um clube e de sua história.

A demissão do técnico Marcelo Oliveira nos abre uma série de questionamentos sobre o papel dele no Atlético. Vamos a algumas afirmações: não havia padrão de jogo, não havia jogada ensaiada, time não era compacto em campo, jogadores muito distantes nos setores (defesa, meio, ataque), escalação e algumas substituições sempre óbvias, que quase sempre não surtiam efeitos estratégicos no jogo. E é bom lembrar que futebol ainda é um jogo!

Centralizar então a culpa de um possível ano sem conquistas (caso o Galo não vença a Copa do Brasil no jogo de volta em Porto Alegre) no Marcelo Oliveira é correto?!

Definitivamente não. Embora as afirmações citadas acima sejam verdadeiras seria muita comodidade entregar um pacote de culpas nas mãos do técnico e mandá-lo embora. E se isso fosse a solução, o ex-técnico atleticano não estaria até o primeiro jogo da final da Copa do Brasil no comando. Já teria sido demitido no meio do ano e o Galo procuraria dentro do mesmo ano seu 3º comandante.

Pensemos nos times da Europa. Pensemos no Barcelona. Hoje, desde o infantil até o profissional, a filosofia de jogo é a mesma. Há um trabalho forte e sério na base. Há um padrão. Treinamento de um estilo de jogo implantado fortemente por Cruyff a partir de 1988.

O técnico, que já havia construído uma história no clube como jogador, colheu frutos espetaculares de seu trabalho e comandou o Barça por 9 anos. Ele tinha o apoio da diretoria, da torcida e dos jogadores. Nesta época Pep Guardiola e Romário faziam parte do time.

Já está na hora, não só do Atlético, que possui uma invejável estrutura física, a melhor do Brasil, evoluir. O futebol brasileiro precisa acordar para um gerenciamento melhor de um esporte que tem perdido aos poucos o encanto e tem se tornado um mero negócio mal gerido.


Com a demissão (tardia e/ou talvez precipitada) de Marcelo Oliveira, o clube e os jogadores, simbolicamente, também foram demitidos. Mesmo restando a esperança do título, o Atlético precisa renovar e, principalmente, inovar. Lembrando que inovar não é inventar a lâmpada mas, encontrar novas possibilidades de se fazer algo, sair da mesmice. Sair do “sempre do mesmo jeito”. 

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