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sábado, 31 de março de 2012

A taça do mundo é nossa?

Há apenas dois anos da suntuosa Copa do Mundo de Futebol FIFA, o Brasil vive o apogeu da correria desenfreada para alinhar o evento às exigências feitas pela entidade. Em 2014, serão 64 anos desde a última vez que a “gorduchinha” pipocou por aqui com a sentida perda do título da nossa seleção para os uruguaios em pleno Maracanã.

No último dia 28, o Plenário da Câmara dos Deputados Federais aprovou o texto base da Lei Geral da Copa. Essa lei visa estabelecer as regras gerais para a realização do evento.

Ponto polêmico

O ponto campeão de audiência entre a FIFA e o governo brasileiro está na liberação de bebida alcoólica nos estádios durante a Copa do Mundo. A FIFA exige a liberação total da bebida e tal requisito fere o estatuto do torcedor. A querida, famosa e por vezes maldosa cervejinha é o centro das disputas. Estatísticas apontam para diminuição da violência nos estádios após a proibição da cerveja em jogos de futebol no estado de Minas Gerais.

A proposta ainda irá para o senado. Contudo, parece que a questão será definida de forma ímpar em cada estado. Ou seja: querem passar a bola para os governadores decidirem. O governador de Minas Gerais, Antonio Augusto Anastásia, defendeu uma consulta à sociedade e declarou que seria importante uma posição comum entre os 12 governadores dos estados que irão sediar a competição.

Sobre este impasse da bebida é sensato se fazer duas observações: a primeira é que, quando convidaram a FIFA para realizar o evento aqui no Brasil, já se sabia da exigência de se vender bebida alcoólica nos jogos. Isso já deveria ter sido previamente acordado, ou seja, liberado ou proibido. Segundo ponto: uma entidade de futebol é mais poderosa que a lei de um país a ponto de se mudar tal lei de bem comum por interesse meramente econômico?

Preço dos ingressos

O preço dos ingressos é algo sensacional e seu valor para a Copa está praticamente definido. Caso você tenha intenção de assistir, por exemplo, a um jogo do Brasil prepare seu bolso! A entrada mais barata para o espetáculo custará U$50, algo em torno de R$91. Uma família pequena, moldes dos dias atuais, com esposa, marido e filho, gastaria hoje só para entrar no Mineirão R$273! Esse preço de ingresso faz parte da “Categoria 4”.

Caso você possa pagar por este ingresso, vai uma dica: compre um colchonete ou saco de dormir para encarar a fila. Nesta categoria, a organização promete 10% de ingressos a este preço para os jogos do Brasil. No Mineirão, por exemplo, seriam aproximadamente 6.400 ingressos.

Caso a mesma família citada anteriormente não consiga comprar um desses ingressos poderá adquirir os da “Categoria 3”. Custo U$100, algo em torno de R$182. São módicos R$546 para adentrar ao belo Estádio do Mineirão e realizar o sonho de assistir a Seleção Brasileira num jogo oficial valendo Copa do Mundo! Só para conhecimento, o ingresso para o “Categoria 2”, custará U$450 (R$819) e “Categoria 1”, U$900 (R$1638).

Enfim, a Copa do Mundo no Brasil está longe de ser um evento feito para o povo e, principalmente, para o trabalhador assalariado. O deputado federal, o ex-jogador Romário (PSB-RJ), declarou no programa É Notícia, da Rede TV, em agosto de 2011 que “infelizmente a Copa no Brasil não vai ser feita para o brasileiro, para o povo brasileiro, que é o povo que gosta de futebol”. Parece que o “baxinho” não estava errado.

Por outro lado, a FIFA estima que a competição em terras brasileiras  renderá aos seus cofres U$3,8bi. Para se ter uma idéia, a Copa da África rendeu U$3,2bi e a da Alemanha, U$2,04bi!

Ah...a Copa de 2014 ainda dará muito o que falar caro leitor e querida leitora. Ainda teremos as definições dos feriados e pontos facultativos propostos para os dias de jogos. Caso o Brasil seja campeão, sob o comando do Mano (que até o momento não conseguiu fazer o time jogar bem), poderemos cantar felizes e saltitantes: “a taça do mundo é nossa?”

Um comentário:

Stefan Dias disse...

Podem até me "espancar" depois deste comentário mas estou numa torcida imensa para ser um grande FIASCO... Tanto na organização quanto no futebol, não por subversão mas por um INFINITO SENTIMENTO PATRIÓTICO!
Essa festa definitivamente não será nossa -> do povo brasileiro.