Flávio Domenico
O tempo é feroz. Ele pode nos dar
a oportunidade de uma conquista como pode tirá-la. Ele é efêmero. Por vezes
obsoleto. O tempo não fala, não grita, não comemora. Ele apenas se estabelece. O
tempo ensina e por vezes cobra o aprendizado.
Esse tempo esteve ontem visitando
novamente o Estádio Independência. Correu por vezes, parou por outras. E ele é
preciso. Nele a história se encerra por obrigação no espaço físico e permanece
na alma pela eternidade.
No jogo contra o Newell’s Old
Boys o tempo se apresentou para o Atlético como um cão feroz a centímetros de
distancia de sua mordida. Restava o Galo correr com sabedoria contra a dor da
possível ferida ou parar para devidamente enfrentá-la, curá-la e esquecê-la
posteriormente. Desta vez o Atlético correu mais e eliminou essa hipótese da chaga
dolorosa.
Caro leitor, o tempo é tão vasto
como uma câmera de fotografia que captura a imagem no modo panorâmico. As
possibilidades de cortes e registros são muitas. É preciso recortar a
prioridade e o objetivo.
Nesta noite, o gestor do tempo no
Independência foi o uruguaio Roberto Silvera. Ele era o responsável pelos números
a serem cronometrados. Silvera tinha o poder de parar ou avançar. De começar e
de encerrar o fato. O poder era tão colossal que, no primeiro tempo, foram 12
minutos parados. Ele determinou acréscimo de nove. Três minutos deste jogo
ficaram perdidos no espaço e na conta do senhor juiz.
A história da primeira
classificação do Galo estava sob a tortura dos minutos corridos. Em cada olhar
um cronômetro. Em cada grito um segundo. Em cada batida do coração um número a
mais naquele momento dramático.
O tempo também pode ser
tortuoso... Noventa eram os minutos para que o Atlético marcasse o mínimo de dois
gols. E marca o primeiro logo aos três! O tempo fez brotar o sentimento de
euforia e no seu tardar de agonia. Seria apenas nos minutos finais, numa
coroação tardia de uma contratação contestada, o segundo gol!
Houve um tempo em que a disputa
de pênalti era sinal de amarga derrota para o clube atleticano. Esse tempo se
foi. Tempo passado engolido pelo presente.
E assim o Clube Atlético Mineiro conquistou
seu tempo para a final. Em sua cronologia centenária foi lhe reservado o ano de
2013 para ter o direito à disputa derradeira pela Taça Libertadores da América.
Agora, milhões de corações apaixonados começam a bater dentro do compasso 90.
Noventa minutos que separam o sonho da realidade!
O grito uníssono da massa: Galo é
tempo de ser campeão!
4 comentários:
Grande texto, amigo Flávio. Muito bem escrito e diz bem sobre a espada que pesou sobre as nossas cabeças ontem: o tempo! O mesmo que foi e voltou, correu e parou durante uma verdadeira batalha.
Parabéns, caro.
obrigado Roberto!!!
Você está cada vez melhor nas letras...
Amir
Obrigado Amir!
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