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domingo, 13 de abril de 2014

Técnicos,professores!

Tecnicamente falando...

Flávio Domênico

Um personagem do futebol vem me instigando mais atenção: o técnico. Sabemos que eles são considerados pais, psicólogos, professores, orientadores, estrategistas e outros singelos e peculiares atributos.
Em Belo Horizonte, Cuca levou o Atlético a encantar e conquistar a América com um futebol ofensivo, principalmente na conquista da Libertadores. Marcelo Oliveira levou o Cruzeiro ao título Brasileiro. Cuca foi para a China e deu lugar a Paulo Autuori enquanto Marcelo segue firme na Raposa. Autuori é professor de educação física e Marcelo Oliveira ex-jogador. Ambos comandantes com qualidades diferentes. Estilos diferentes. No futebol pré-copa, treinadores do Galo e da Raposa seguem dando esperança de um bom ano.

Mas, fato é que, o treinador precisa ter bons olhos e ouvidos pacientes. É cobrado ferozmente pelo seu torcedor. E não é para menos: é o gestor do jogo. É o batimento cardíaco do elenco em campo. Seu papel: fazer com que seus onze atletas superem em técnica e tática seus oponentes! Fazer com que o jogador consiga enxergar e desejar a possibilidade do título. Fazer com que o elenco se arme e se supere nos gramados. E...claro...fazer o gol.

Interessante é que eles não podem esquecer um singelo detalhe: quase todo o torcedor e torcedora é um técnico! Estão aos gritos nas arquibancadas e nas poltronas.  O treinador é uma figura mística, enigmática e necessária. Seu papel é sim, um dos mais importantes.

Vejamos Josep Guardiola i Sala. Nítido que pesquisou muito esta função. Aperfeiçoou seu trabalho. Superou-se e se inventou novamente para ser um dos maiores treinadores da história do futebol moderno. Com apenas 43 anos, Pep Guardiola dispensa descrição de seu trabalho primoroso no Barcelona (inclusive como jogador) e agora à frente do alemão, Bayer de Munique.

Guardiola, assim como a maioria dos técnicos dos grandes clubes europeus, são táticos e conseguem mudar a estratégia do time ao longo do jogo. Não são óbvios. Não inventam muito. Não improvisam tanto. Tem um elenco apurado, técnico e milionário em suas mãos e os fazem jogar. Movimentação e muita qualidade nos toques de bola. Esboçam o caminho do gol!

Para não me estender muito em exemplos, volto em Pep Guardiola. Nítida evolução do futebol do Bayern desde sua chegada. Alguma mágica? Não! Estudo e dedicação. Conhecimento profundo do assunto. Não que os treinadores brasileiros não sejam estudiosos ou comprometidos, mas falta algo...

Autuori, por exemplo, completou 4 meses à frente do Atlético. Ninguém ainda conseguiu entender como joga o Galo. Qual é o esquema de jogo. Em certos momentos tenho a impressão que o elenco entra em campo e deixa acontecer. Lateral afunila para o meio. Não vai à linha de fundo. Raramente cruza uma bola. E o que me incomoda no Galo: praticamente o mesmo desenho do esquema Cuca. Não dá para pensar que Atlético e Cruzeiro (ou qualquer outro clube do Brasil) tenham hoje qualidade de conjunto para enfrentar um time de ponta da Europa. Não. Não dá.

Carecem aos técnicos de todo Brasil valorizarem mais a posse de bola em seus times. Ter toques ofensivos e objetivos. Prestar atenção em suas substituições e, principalmente, ter na manga alterações táticas durante a partida. Não dá para insistir anos num esquema único, onde não há variação. É dar oportunidade para o adversário matar o jogo. Continuo a destacar a incrível falta de movimentação dos elencos no Brasil.

Falta também ao atleta de futebol treinar mais os fundamentos básicos do esporte que ele se propôs a jogar. Cobrança de falta, escanteio, chutes a gol, troca de passes. O futebol brasileiro passa por um momento estranho. Muito dinheiro público gasto em obras da Copa do Mundo. O povo um tanto distante dos estádios. E aí, caro leitor, cara leitora, dói o coração, principalmente para quem conheceu o futebol antes do Brasil se oferecer para sediar a FIFA.


Assim, além de recuperar a imagem do futebol, o técnico hoje, talvez inconscientemente, exerça a sagrada função de guardião do esporte mais amado do brasileiro. Sua tarefa é árdua. É preciso estudar e reciclar. Talvez almejar a humildade de reconhecer que, no Brasil, o futebol está devendo em termos de conjunto. De alegria! E muito. Agora, se falta arrojo ao técnico, a técnica dos jogadores tem carecido de lapidação. Vamos torcer para que a bola mágica e alegre do Brasil não estacione no tempo e na história!

Um comentário:

Unknown disse...

Perfeita sua leitura sobre os técnicos, jogadores e o futebol de modo geral.
Treinadores de hoje, que atuam no Brasil, estão muito aquém dos treinadores lá de fora. Quanto ao "pepe autuori"... É melhor ficar calado!